segunda-feira, dezembro 25, 2006

Boxing day e o futebol luso


Engraçadas algumas ideias que alguns "idiotas" querem importar da "estranja" sem se preocuparem com os mais que prováveis anacronismos. O futebol profissional no nosso país soma dezenas de anos, e as preocupações empresariais dos clubes, devido a problemas de sustentabilidade, vêm desde antes dos anos 80, desde que me lembre...
Pois parece que alguns iluminados, em puro fenómeno mimético, vão em rebanho entusiasmado descobrindo e querendo importar à viva força tradições porvenientes de culturas e contextos muito diferentes do nosso. É o caso do mais que propalado Boxing Day mais os respectivos eventos desportivos que lhe são inerentes.
Parece que não conhecem o seu país no qual a tradição natalícia é ficar em casa e o adormecimento completo da vida citadina e o facto de se querer comprar um jornal ou mais uma garrafa de água ou vinho esquecidas é uma tarefa quase impossível; em que o campeonato é tão fraco e medíocre que os únicos clubes com poder de mobilização não completam uma mancheia; e em resultado disto seja no Natal, na Páscoa ou no S. João os estádios estão de modo geral vazios em dias de jogos que não envolvam esses mesmos clubes; em que a tradição do proteccionismo laboral é de um conservadorismo agressivo, e o quebrar de direitos adquiridos como folgar no Natal ou em honra de um qualquer santo local é visto como uma violação inaceitável ao direito dos trabalhadores, sejam eles jogadores de futebol, empregados de café, restaurante, quiosque, etc. que se vissem forçados a trabalhar nesses dias de jogo em consequência lógica do mesmo.
Acho é piada como os respectivos iluminados se julgam descobridores da pólvora, incluindo o presidente da FPF, Gilberto Madail, que ao fim de mais de dez anos de presidência deste organismo máximo do futebol nacional descobriu a galinha dos ovos de ouro e o desperdício de um possível dia cheio de futebol, espectadores e respectivos ganhos. Pior que não conhecer as tradições e hábitos alheios é o ridículo de não conhecer os do próprio meio em que se está inserido.

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