A um poema
A meio deste inverno começaram
a cair folhas demais. Um excessivo
tom amarelado nas imagens.
Quando falei em imagem
ia falar de solo. Evitei o
imediato, a palavra mais cromática.
O desfolhar habitual das memórias é
agora mais geral e também mais súbito.
Mas falaria de árvores, de plátanos,
com relativa evidência. Maior
ou menor distância, ou chamar-Ihe-ei
rigor evocativo, em nada
diminui sequer no poema a emoção abrupta.
Tão perturbada com a intensa mancha
colorida. Umas passadas hesitantes.
entre formas vulgares e tão diferentes.
A descrição distante. Sobretudo esta
alheada distância em relação a um Poema.
FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO
Três Rostos
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
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4 comentários:
Para ela, já não haverá
outros Outonos, ou outros Invernos.
As folhas terão menos quem as cante.
Faz sempre falta, um poeta.
O mundo fica mais pequeno sem eles. O que vale é que a obra nunca morre.
Os poetas são imortais... pela obra, legada, - seja poesia ou prosa - e jamais esquecidos, sempre cantados, recitados e homenageados...
_____ Pedro ______
Folhinha
Murchou a flor aberta ao sol do tempo.
Assim tinha de ser, neste renovo
Quotidiano,
Outro ano,
Outra flor,
Outro perfume.
O gume
Do cansaço
Vai ceifando,
E o braço
Doutro sonho
Semeando.
É essa a eternidade:
A permanente rendição da vida.
Outro ano,
Outra flor,
Outro perfume,
E o lume
De não sei que ilusão a arder no cume
De não sei que expressão nunca atingida.
Miguel Torga, Orfeu Rebelde (1958)
Áurea
Sorte a de Miguel Torga ter vivido num Portugal cujos ciclos da natureza ainda eram tão puros e cristalinos como ele descreve.
Obrigado pelo momento de poesia, Áurea!
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